quinta-feira, 28 de novembro de 2013

9 de Dezembro de 2013: Lançamento Oficial do Livro-HQ Zu Kinkajú.
























9 de DEZEMBRO de 2013
segunda-feira

HORÁRIO:
Das 3 da tarde às 10 da noite


A história completa em HQ estilo BD para leitores de 9 a 99 anos
Álbum de 48 páginas coloridas em papel de alta gramatura.

Preço especial no dia do lançamento: R$20,00
Um presente que muita gente vai gostar.

Exibição de originais e outros materiais, brindes e autógrafos do autor, apenas no dia do lançamento.

TIRAGEM LIMITADA





sábado, 28 de setembro de 2013

O Inimigo


Aramis Mococa, mais conhecido como Mo, 
enfrentando os Espectros no Vale da Lua.
(Zú Kinkajú, 48 páginas)



De repente, descobre-se que, quando paramos de criar o inimigo, extingue-se a necessidade de armas.


(Kaká Werá Jecupé)

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O Labirinto é sua condição inevitável: Conforme-se.


... Apesar das suas inevitáveis reticências, Franquin acabava de definir seu conceito mais elevado: -Desenhar a preto e branco (apenas o que é necessário) contos sombrios sobre as misérias do destino humano.

  • O homem perdido no inverno, reencontrando o olhar cintilante dos lobos ao invés das luzes de um vilarejo, gela de pavor os leitores.
  • As  guilhotinas trabalhando em equipe fazem rir por sua estupidez, colocando em evidência uma sociedade onde cada engrenagem não está nem aí com seu vizinho.
  • O planeta LABIRINTO traz à gag uma nova dimensão: o "riso metafísico". 
(O Quarto Escuro, o mundo de Franquin por Jean-Luc Cambier e Eric Verhoest)





Esta é a pancada inevitável: - O Socorro não chegará a tempo e inevitavelmente sua força (sim, estamos falando de você) estará em levantar a cabeça e sorrir levemente diante do fim. Não há saída. Há apenas a luz difusa do Amor e da Beleza doce e indecifrável daquela confusa menina-mulher que se depara com o desejo vermelho e masculino que desfaz a madrugada.

Por que:

É a honra do caçador que ele
Proteja e preserve a caça,
Caçadores tomados pelo Espírito, honram 
o Criador em Suas criaturas.

E esta é uma muito antiga verdade que escorre entre as tolices que sustentam a ilusória manhã. (Jägermeister)





domingo, 15 de setembro de 2013

Você diz que quer uma Revolução


A revolução em curso em todo planeta começou quando começamos a falar de forma a que você não possa mais me entender. E a Elite, vulgo Nhônho, passou a participar do mercado de ações em câmera lenta. E com diferentes matizes e métodos, o mundo todo caminha para ver em todos os lugares a consagração desse sistema. Estamos vivendo em todo o planeta a implantação do Abismo Cromático.
foto de Josh Sommers

O Verniz, que é e sempre foi apenas uma forma de colocar o controle do pigmento e dos meios de produção nas mãos de um governo voador, finalmente funde-se completamente ao Sistema Financeiro Moebius e os interesses do Nagual e do Major Grubert, dos Charutos do Faraó. 

A função de todos os governos, em todo o mundo, e como já pode ser visto no País das Maravilhas, é administrar o baralho para que permaneça dócil, na sua condição Adagietto da Quinta Sinfonia de Mahler. O resultado do esforço do trabalho é permanentemente transferido para a mão unificada, através de histórias em quadrinho e paçoquinhas. Corporações e Estados garantidos, olhe sempre a data de validade. 

O mundo panqueca perfeito. O fim das escalas CMYK e PANTONE. A manutenção permanente do poder na mão de uma pequena boneca de vinil, que faz de conta que se desentende pra promover de vez em quando umas diminuições de ovelhas indesejadas, e ainda movimentar a máquina com produção e venda de armamento.

Enquanto isso, em Pindorama, os Idiotas Úteis continuam alimentando o maniqueísmo barato e ideias cretinas como a existência de uma imaginária panificadora boazinha e uma borracharia malvada. Só mesmo aqui pra se chegar em tal grau de estupidez simplista, a serviço do interesse de regimes para emagrecer. O Brasil está onde sempre esteve. E não há alternativa no horizonte. Na melhor das hipóteses uma gravíssima crise gástrica, pra desorganizar a escala cromática de tal forma, que gere brechas de reorganização Luzomano (Luz Minha em lituano). As crianças de hoje, que serão adultos em breve, esperam chumbo grosso.

sábado, 14 de setembro de 2013

Como construir um Universo


Philip K. Dick fala de Realidade, Mídia, Manipulação e Heroísmo Humano


O texto que segue é de Maria Popova, com muitas citações do próprio Dick, para um dos sites que sempre leio, BrainPickings. Meu trabalho foi só traduzir.

"Realidade é aquilo que, quando você para de acreditar, não vai embora."

Blade Runner, inspirado no livro de K.Dick,
Os Androides sonham com carneiros elétricos?
Philip K. Dick é tão conhecido hoje por sua ficção-científica que traduziu nossos tempos, como pelas experiências incomuns que teve na primavera de 1974, que ele apelidou de sua "Exegesis". 
Ocupando a intersecção entre o científico, o filosófico, e o místico, a exegese modelou a obra de Dick para a lembrança de sua vida, a medida que ele contemplou os maiores e mais granulados blocos de construção da sua existência.

Em uma fala de 1978 intitulada "Como construir um Universo que não desmorone dois dias depois", parte da totalmente torce-a-mente antologia de 1995, "As realidades mutantes de Philip K. Dick: Literatura Selecionada e Escritos Filosóficos", Dick leva seu questionamento movido pela exegese para a natureza da realidade, os mecanismos da manipulação pela mídia, e a mais firme - e única - defesa que temos contra as indignidades da pseudo-realidade fabricada.

Logo no início ele começa examinando o que a realidade realmente é:

"É sempre minha esperança, escrevendo novelas e histórias que fazem a pergunta "O que é realidade?", de um dia alcançar a resposta. Esta  também era e esperança de muitos leitores. Passaram-se anos. Eu escrevi mais de trinta novelas e mais de uma centena de contos, e anda assim não consigo imaginar o que era real. Um dia, uma estudante no Canadá me pediu pra definir realidade para ela, para um texto que ela estava escrevendo para sua aula de filosofia. Ela queria uma resposta de uma frase. Eu pensei e finalmente disse: "- Realidade é aquilo que, quando você para de acreditar, não vai embora." Isso foi tudo consegui dizer. Isso foi em 1972. E desde então eu não consegui uma forma mais lúcida de definir realidade.

Mas o problema é real, não é apenas um jogo intelectual. Porque hoje nós vivemos em uma sociedade em que realidades espúrias são fabricadas pela mídia, pelo governo, pelas grandes corporações, pelos grupos religiosos, políticos... Então, eu pergunto em meus textos: - O que é real? Porque nós somos bombardeados incessantemente com pseudo-realidades fabricadas por pessoas bem sofisticadas, usando mecanismos eletrônicos bem sofisticados. Eu não tenho desconfiança de seus motivos. Eu tenho desconfiança de seu poder. Eles tem muito. E é um poder surpreendente: aquele de criar universos inteiros, universos da mente. Eu sei disso, porque eu faço a mesma coisa. É meu trabalho criar universos, como a base de uma novela atrás de outra. E eu tenho de construí-los de uma tal forma que eles não desmoronem dois dias depois."

A Scanner Darkly (O Homem Duplo),
baseado na novela homônima de K. Dick

Aqui, no entanto, é quando as coisas ficam particularmente interessantes: Dick argumenta que a realidade se torna menos real no momento em que começamos a discutir isso, porque a própria discussão precipita uma fabricação dinâmica do que percebemos como real, ao contrário de uma contemplação estática do que é, produzindo uma série de "pseudo-realidades" que por seu lado produzem pseudo-humanos:

"Assim que você começa a perguntar o que de fato real, você imediatamente começa a falar coisas sem sentido. Zeno provou que movimento é impossível (Na verdade ele apenas imaginou que havia provado isso; o que lhe faltou é aquilo que nós chamamos tecnicamente de "teoria dos limites"). David Hume, o maior cético de todos, certa vez observou que depois de participar de um reunião de céticos para proclamar a veracidade do ceticismo como filosofia, todos os participantes do encontro, sem exceção, saíram pela porta e não pela janela. Eu percebo o que Hume quer dizer. Era tudo apenas falação. Os filósofos solenes não estavam tomando seriamente o que eles mesmo disseram.
Mas eu considero que o assunto de definir o que é real- esse é um tópico sério, mesmo vital. E ali em algum lugar está o outro tópico, a definição do homem autêntico. Porque o bombardeio de pseudo-realidades começa a produzir rapidamente humanos não-autênticos, humanos espúrios, tão falsos como as informações que os pressionam de todos os lados. Meus dois temas são apenas um tema; eles se unem neste ponto. Realidade falsa irá criar humanos falsos. Ou, humanos falsos irão gerar realidades falsas e então vendê-las para outros humanos, tornando eles, finalmente, reprodutores deles próprios. Então nos assombramos com humanos falsos inventando realidades falsas e então anunciando-as para outros humanos falsos. É apenas uma versão muito grande da Disneylândia."

Moebius ilustra Clans of the Alphane Moon, de K. Dick
Em uma declaração com a qual Mark Twain iria entusiasticamente concordar e George Orwell iria acompanhar, Dick alerta contra a forma com a qual manipuladores da mídia deliberadamente criam pseudo-realidades pela formatação de palavras:

"A ferramente básica da manipulação da realidade é a manipulação de palavras. Se você pode controlar os significados das palavras, você pode controlar as pessoas que precisam usar as palavras."

No final das contas, o único antídoto para a manipulação da realidade é o bom e fora de moda heroísmo humano, aquela vacina imemorial de coragem e resistência, de liberdade do medo, de incansavelmente empregar o pacífico, preciso, judicioso exercício de probidade e cuidado, com ninguém para ver e elogiar, em outras palavras, de sabedoria moral:
Minority Reportbaseado
no conto de K. Dick

"O ser humano autêntico é aquele de nós que instintivamente sabe o que não deve fazer, e, adicionalmente, exita em fazê-lo. Ele irá se recusar a fazê-lo, mesmo que isso lhe traga consequências assustadoras para ele e para aqueles que ele ama. Esta, para mim, é o traço heroico fundamental das pessoas comuns: - elas dizem NÃO para o tirano e calmamente aceitam as consequências de sua resistência. Seus feitos podem ser pequenos, e quase sempre não noticiados, não destacados pela História. Seus nomes não são lembrados, e nem mesmo estes humanos autênticos esperam que seus nomes sejam lembrados. Eu vejo sua autenticidade de uma forma estranha: não em seu desejo de realizar grandes atos heroicos, mas em suas recusas modestas. Em essência, eles não podem ser compelidos a ser o que não são. "

O resto de 
"As realidades mutantes de Philip K. Dick: Literatura Selecionada e Escritos Filosóficos" está cheio de reflexões igualmente estimulantes para a alma e para os neurônios, sobre os fardos e bençãos de ser humano- altamente recomendável.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

República Carolíngia II: Karma, Gente!


Eu e a República Carolíngia estamos assim, neste momento. 

Eu sou um Carro Branco e ela é uma Rolling Stone.



Não se preocupe. Quando chegar a hora, não haverá mesmo o que fazer.

Enquanto isso, vai se preparando para engolir a explicação que lhe faça sentir mais inteligente.

Aquela que lhe dá a impressão de ter algum domínio da coisa, mesmo que na verdade a coisa seja uma besta babando ácido sulfúrico pela boca de um quadrúpede sem cabeça.

Interessante (emocionante), foi vê-los no teatro do incêndio negando convictos ao deus, mas invocando a todo momento a presença do céu, em todas as suas cores. As palavras escorrendo como uma torneira que se esqueceu aberta. Porque de tanta água, é como se a torneira nem mais existisse, incapaz de fechar qualquer coisa. E o discurso então já não quer dizer mais nada, é apenas uma poça enorme de palavras se misturando sem sentido no chão.

Restava o olhar, me olhando e implorando por um segundo de Verdade.

Mas a Verdade, é Deus. 
E o diabo são as estatísticas.

Zlatha, aliás Julia Gunthel: 

A flexibilidade que o Pablo pensa que tem, mas não tem.
A não ser, talvez, no bolso, sempre pronto receber
mais CAPILÉ.


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Zu Kinkajú: O que você realmente sabe?



Já está no caminho da gráfica, com 48 páginas. Segue abaixo uma nota que escrevi quando terminei o trabalho e que também estará no livro:

O ilustrador Angelo Bonito me deu uma força
na finalização da arte da capa.
Nota do autor

Desde criança eu me sentia atraído pela busca ao animal misterioso. Podiam ser os animais do imaginário, como o Unicórnio, o Grifo, a Roca, o Marsupilami, o Jeep, o Anhangá, o Pushmi-pullyu ou o Jaguadarte. Podiam ser as histórias dos naturalistas identificando as espécies em longas expedições, como contava o Diário da Viagem de Charles Darwin ao redor do mundo, que li quando tinha 10 anos.

Aos 11, inspirado pelos Cronopios de Julio Cortázar, comecei a pesquisar, nos meus próprios desenhos, o meu animal misterioso. Surgiu o Poligato, que continuou chamando assim por quase duas décadas, até eu desenvolver um programa de conscientização ambiental, nos anos 1990, com a bióloga Andree Vieira.

Ela desenvolvia as atividades com as escolas e eu criava vídeos, histórias, quadrinhos e ilustrações. Chamávamos nosso projeto de Super Eco, e resolvi rebatizar meu Poligato assim. Comecei então a contar a história da busca pelo Super Eco, mas travei em um impasse. Existia um grande equívoco nesse nome e em eu ter imaginado que o Super Eco era uma espécie de super-animal, capaz de se adaptar e viver em qualquer ecossistema. Porque isso seria exatamente o contrário do que a Natureza nos ensina. Cada espécie é única, com habilidades e qualidades próprias, vivendo em ambientes específicos. E toda essa rica diversidade, relacionando-se em equilíbrio dinâmico, é que é a Vida, delicada e preciosa. E a riqueza e o motor da vida é a diversidade. Essa é uma grande lição, que pode ser lembrada sempre. E eu havia ignorado isso em minha história e tomado o caminho errado para encontrar meu animal misterioso.

Os animais são grandes professores. As plantas, especialmente as árvores, e até as pedras, também são. Desde que saibamos prestar atenção, sendo alunos esforçados. Eu e os bichos compartilhamos muitos segredos. Sou grato a eles por isso.

Então, finalmente, depois de mais de dez anos, retomei a busca pelo animal misterioso. Aproveitei da minha história e dos desenhos todas as pistas que ainda me guiavam, e saí na trilha do Zu Kinkajú. Agora nós já sabemos que se trata de uma espécie de mamífero neotropical da família Procionídea, próximo do Gênero Potos (Jupará, Quincajú ou Ursinho do Mel) e do Gênero Bassaricyon (Olingo).

Sim, eu sei, no final das contas muito ainda permanece envolto em mistério. Afinal, o que significa exatamente o fim desta história e o que aconteceu com a Naná durante os quatorze anos que se passaram? Mas isso é para responder em outra oportunidade.

Este livro em quadrinhos foi produzido seguindo três princípios com os quais trabalho há algum tempo: Eco eficiência, Biofilia e a Pergunta-Chave.
Eco eficiência significa escolher materiais para fazer o produto, que não poluam e causem o menor impacto possível ao meio-ambiente.
Biofilia é o amor à vida. A vida é uma dádiva que contém dentro dela mesma um Amor que a sustenta. Despertar as crianças de todas as idades, para isso, é algo em que acredito e que me move.
A Pergunta-Chave é: - O que nós realmente sabemos? – Ao nos fazer essa pergunta, nos tornamos mais cuidadosos e mais conscientes de nossas limitações. A maioria dos danos, incluindo aqueles que causamos a nós mesmos, aos outros e ao mundo em que vivemos, é resultado do nosso excesso de certeza.

E afinal, o que nós realmente sabemos?


Com Amor,
Céu D´Ellia
São Paulo, 14 de Agosto de 2013.

PS: No dia seguinte a ter escrito a nota acima, depois de ter terminado este livro, foi noticiada a descoberta do Olinguito, pelos cientistas do Smithsonian.
Vivendo nas Américas Central e do Sul, este procionídeo, nome científico Bassaricyon neblina, tem a cabeça maior e mais arredondada, o focinho mais curto, e é menor que seu parente mais próximo, o Olingo


sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Simulacros Verdadeiros



A Festa no Céu

Arte de 1988, toda feita a mão, em
técnica mista de lápis, hidrocor e acrílico.
Dava muito mais trabalho de fazer assim
do que hoje em dia, com computadores.
Mas dava-se muito mais valor também.
É amanhã: Sábado, 24 de Agosto de 2013, das 11h00 às 13h00
Na Livraria da Vila - Fradique Coutinho, 915 (cidade de São Paulo)
Café lacaniano: SIMULACROS VERDADEIROS
Com o artista de animação Céu D'Ellia e o psicanalista Oscar Angel Cesarotto

Desde as cavernas, a de Lascaux ou a de Platão, os humanos somos seres eminentemente visuais; escópicos, como afirmava Aristóteles. Desenhos, pinturas e sombras em movimento, os olhares ficam fascinados pelas representações plásticas, sejam verossímeis ou não. Ver para crer, mesmo que as aparências enganem e os semblantes alienem, já dizia Lacan. Crer para ver: para Freud, quando o preconceito eclipsa a percepção, só apreciamos aquilo que não põe em risco o narcisismo. Por isso e em definitivo, de todas as imagens possíveis, os espelhos, mostrando versões animadas de nós mesmos, são o suprassumo da virtualidade, a tópica do imaginário.


O texto da divulgação é esse que vai acima. Vou fazer um coquetel semiótico com meus dois chapéus, o de cineasta de animação e o de praticante de meditação. No programa, a tela de pinos do Alexander Alexeieff, o hoax do matemático Alan Sokal, a Guerra dos Mundos de Wells e Welles, a esposa do Einstein, o jogo de dados do Mahabharata, Rishis, Pink Floyd e outros leros.

É gratuito. Apareça.
Ou simule que.




terça-feira, 30 de julho de 2013

Em busca do caminho do meio


dezinfluênciasmaisuma 8: Hergé



A fluência das HQs de Hergé, em texto, narrativa e forma, continua precisa mesmo depois de muitas décadas. Há sempre quem queira pinçar elementos da sua obra para fora do contexto da época e condições em que o trabalho foi criado, para fazer acusações grosseiras e, principalmente, superficiais.

Hergé era um homem de boa fé. O tempo só lhe fez mais maduro para defender com clareza e simplicidade sua visão livre de dogmas e patrulhamentos ideológicos. O mundo de Tintin reflete a angústia do eterno teatro da idiotice humana e a liberdade frágil dos que trafegam nesse palco, investidos de inocência.


Os mais de cinquenta anos de trabalho resultam em diferentes fases, mas certamente o grande marco divisório tanto para Hergé como para os quadrinhos, especialmente a chamada banda desenhada, ou estilo europeu, é Le Lotus Bleu (O Loto Azul). Se antes desse livro Tintin viaja pelo mundo apenas para reproduzir a visão ingênua, mas estereotipada, que o catolicismo burguês alimentara no jovem Hergé, a partir dele o jovem repórter se abre para uma visão verdadeiramente cristã e humanista: somos todos irmãos e é apenas nossa própria mesquinhez materialista que nos nega vivermos em paz uns com os outros. 

Ouvindo um pouco o próprio Hergé, famoso por seu silêncio profundo, em trechos de uma entrevista a Numa Sadoul, para Les Cahiers de la Bande Dessinée, em 1978:

- O que é principalmente apaixonante, eu penso, em nossa época, é seguir a evolução da arte, de tentar descobrir talentos autênticos, de não rejeitar nada a priori. Claro, as formas mudam, a linguagem se adapta, a sensibilidade se transforma, mas, fundamentalmente, é sempre o mesmo problema para o criador: se definir, buscar o próprio equilíbrio, exprimir sua própria condição de mundo. Assim, para mim, não existe diferença fundamental entre Berrocal e um mármore grego, entre Schoeffer e Miquelângelo. 

- Eu não gosto do lado político, do lado patrulheiro engajado das coisas. Eu sou um homem do caminho do meio, eu penso. Ao menos eu tento ser... Eu sou de Gêmeos e minha tendência é de escutar os prós e os contras, de ser mais observador que ator. Em um conflito, mesmo que me diga respeito, eu me esforço sempre em buscar a verdade e escutar com atenção meu interlocutor. Nós não encontramos a verdade com frequência, nem mesmo nunca: talvez encontremos, de tempos em tempos, a NOSSA verdade, a verdade momentânea. Porque tudo isso é muito fugaz. Nós estamos sempre em permanente evolução. Descobri isso para minha grande estupefação.

- Se Tintin é um inveterado escoteiro? Mas por que não? É tão ridículo assim fazer uma boa ação? Amar a natureza? Esforçar-se a ser fiel à palavra dada? Mas felizmente o escotismo de Tintin é temperado pelos companheiros que o cercam. Eu mesmo fui escoteiro: minha patrulha era dos "Esquilos" e meu totem "Raposa Curiosa". E a influência que o escotismo teve em mim eu considero benéfica.

- Tudo mudou depois que terminei Les Cigares du Pharaon (Os Charutos do Faraó). Eu anunciei no Petit Vingtieme que Tintin iria continuar sua viagem para o Extremo Oriente. E nesse momento eu recebi uma carta que me dizia, essencialmente, isto: "- Eu sou padre-professor de estudantes chineses na Universidade Católica de Louvain. Ora, Tintin vai partir para a China. Se você mostrar os chineses como os ocidentais geralmente os representam: se você os mostrar com uma trança que na dinastia manchúria era sinal de escravidão, se você os mostrar astuciosos e cruéis, e se você falar de torturas, então você irá ferir meus estudantes. Por favor, seja prudente: informe-se..." E foi o que eu fiz e o Frei Gosset -era seu nome- me colocou em contato com um de seus estudantes, que era desenhista, pintor, escultor, poeta, e se chamava... Tchang Tchong-Yen. Sim, foi esse o nome que eu dei ao pequeno chinês que Tintin encontra e que se torna seu amigo, e que ele reencontrará mais tarde em Tintin au Tibet (Tintin no Tibet). Mas foi no momento de Le Lotus Bleu que eu descobri um mundo novo. Para mim, até então, a China era com efeito, povoada de multidões de olhos puxados, pessoas muito cruéis que comiam ninhos de andorinha... Eu exprimi tudo isso em um diálogo curto entre Tintin e Tchang. Então, descobri uma civilização que eu ignorava completamente e, ao mesmo tempo, tomei consciência de uma espécie de "responsabilidade". Foi a partir dali que me coloquei a pesquisar documentação, a me interessar verdadeiramente pelas pessoas e pelos países a que enviava Tintin. Tudo graças ao meu encontro com Tchang. Eu lhe devo também por ter melhor compreendido o sentido da amizade, da poesia e da natureza... 

- Eu não gosto disso que se diz "barato", nem com pessoas, nem com sentimentos, nem mesmo com objetos. Isso não significa, vamos deixar bem claro, que só as coisas que custam caro, só os mármores raros, só as madeiras de lei, tem valor aos meus olhos. Não, um simples copo de barro pode ser muito belo, um móvel de plástico, também. Aquilo que eu sou sensível é à qualidade. Existem pessoas de qualidade, como existem coisas de qualidade. Mas o que vai acontecer com essa noção de qualidade, agora que caminhamos mais e mais para a produção em série, a produção em massa?...

- É provável que eu esteja buscando um tipo de equilíbrio em meus desenhos. Mas é principalmente inconsciente. O que é consciente, por outro lado, é minha busca pela "lisibilidade". Nada é gratuito: eu descarto os efeitos puramente decorativos ou estéticos. Eu repito, meu único objetivo é ser o mais claro possível. E todo o resto é subordinado. A grande dificuldade nos Quadrinhos é mostrar exatamente o que é necessário e suficiente para o entendimento da narrativa: nada a mais, nada a menos. 

Lidos os trechos do depoimento de Hergé acima, e refletindo um pouco, fica claro perceber porque a adaptação de Tintin, por Spielberg, para as telas de cinema, resultou tão desastrosa. Para além dos imperativos comerciais e de um filme que mais se parece com assistir alguém jogando sozinho um vídeo-game com bonecos de borracha industrializados, faltou toda a essência de Hergé. Pesado, confuso, excessivo, o filme, apesar de orçamento altíssimo, carece de arte, clareza e identidade. É um caríssimo filme barato. Sem a sensibilidade com que Hergé utiliza o patético como moldura que revela o ser humano, resta apenas a caricatura como armadura sem gente dentro. Fantasmas com máscaras.


Sem título, 1963. 
Óleo sobre tela de Hergé.
Movido por seu interesse pela
arte contemporânea e tendo Van Lint
como seu professor, Hergé irá pintar
37 telas abstratas no início da década
de 60. As pinturas adquiriram rapida-
mente grande valor, mas o próprio
Hergé não considerou que tivesse
realmente o que exprimir nessa área,
abandonando-a. A última aventura,
inacabada, de Tintin, chamava-se
Alpha-Art e era crítica em relação
aos critérios mercadológicos que
dominaram a arte.

dezinfluênciasmaisuma 1: Cosey
dezinfluênciasmaisuma 2: Pintura Corporal
dezinfluênciasmaisuma 3: Franquin
dezinfluênciasmaisuma 4: Monet
dezinfluênciasmaisuma 5: Nine
dezinfluênciasmaisuma 6: Les Nabis
dezinfluênciasmaisuma 7: Mattotti



quarta-feira, 10 de julho de 2013

Tempo no Tempo


Há sempre um tempo no tempo que o corpo do homem apodrece sua alma cansada penada se afunda no chão.

E o bruxo do luxo baixado o capucho do lixo caprichos não mais voltarão.


Já houve um tempo em que o tempo parou de passar e um tal homo sapiens não soube disso aproveitar.


Chorando, sorrindo, falando em calar, pensando em pensar quando o tempo parar de passar.


Mas se entre lágrimas você se achar e pensar que está a chorar, esse era o tempo em que o tempo é....



(Os Mutantes, livremente inspirada em Once was a Time I Thought, por The Mamas & The Papas, de John E.A. Phillips)

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Sandro Cleuzo é homenageado em Firenze.


Quando eu crescer querer ser Sandro Cleuzo.

Um filme de animação pode ser feito de diversas formas, que se assemelham de certa maneira a outras formas de organização humana conhecidas. Uma equipe pode ser como uma pequena banda de jazz que toca ao mesmo tempo e improvisa. Ou como uma enorme indústria automobilística, cheia de operários especializados, trabalhando em uma linha de montagem, a partir de sofisticados projetos de design e engenharia. A maioria do que se vê por aí, no entanto, vai na linha fast food, e no final das contas, a promoção do produto tem muito mais qualidade que o produto em si. Se é que o produto tem alguma...

Os longa-metragens de animação clássica, principalmente aqueles realmente originais e ao mesmo tempo efetivamente capazes de se comunicar com o público, são feitos por equipes que se assemelham a orquestras. 
Em uma orquestra não pode ter músico ruim, tocando fora do tom ou do compasso. Não há como disfarçar um desempenho abaixo do minimamente bom. Quem tem que ter o ouvido pra identificar cada uma das diferentes participações em uma orquestra e corrigir o que é necessário, é o maestro. Essa é a função do diretor em um longa de animação clássico. Identificar o papel de cada artista e saber como integrar com o todo, ao mesmo tempo que percebe aquela fração de tempo dentro da peça em que algo pode ser valorizado e se destacar.
E na orquestra há os solistas. São aqueles musicistas que em um determinado momento executam a melodia principal, sozinhos ou acompanhados, carregando com eles o foco da peça. Assim são os animadores principais em um desenho animado, que sustentam a essência mágica da animação em seus traços, timing e spacing. Existem muitos animadores bons e medianos. Mas são raros os virtuoses. É preciso muita concentração e dedicação. Pouquíssimo provável acumular a função de diretor e animador principal. A não ser que se ignore a necessidade de ter uma data para terminar o trabalho. Porque enquanto o diretor precisa estar a uma distância segura para enxergar o todo, os animadores principais são aqueles que vão conhecer cada detalhe menor da forma de se mover de seu personagem. Como atores principais encarnando seus papéis, músicos solistas se integrando a seus instrumentos.
Sandro Cleuzo é um desses, dessa tradição de poucos nomes, como Art Babbitt, Milt Kahl ou Bill Tytla

Uma das principais razões de Canta, Ty-Etê! ter ficado bonito do jeito que ficou foi a animação de Sandro Cleuzo. Um prazer enorme trabalhar com ele. Poder discutir os pequenos nuances que fazem tanta diferença e que definem a singularidade de uma animação. 
Em Firenze, na Academia NEMO,
Sandro também ministrou um workshop
de dois dias, para alguns sortudos


Recentemente, Sandro, que está atualmente na Califórnia, USA, trabalhando em uma produção da Dreamworks, merecidamente recebeu uma homenagem na Itália, em Firenze (Florença), uma cidade carregada de simbolismo para as artes de todos os tempos e preenchida de obras primas da Renascença. Segue uma breve conversa com o Sandro:


Sandro: Desculpe a demora pra responder. Mas é que foi uma correria aqui e não parei um minuto. 

Iludente: Que prêmio é esse e qual o motivo de você ter sido escolhido?
Sandro: O Prêmio é chamado Nemoland e foi criado por uma escola de animação e artes visuais que se chama NEMO NT Accademia Delle Arti Digitali, em Firenze (Itália). Juntamente com o apoio da cidade. Todo ano eles realizam o Nemoland, onde homenageiam 2 artistas de várias áreas da indústria de animação mundial. Este ano foram escolhidos eu e o animador Victor Navone, da Pixar. Fui escolhido pelo meu trabalho em geral, pelo minha contribuição para a industria da animação até agora.


Sketchbook lançado por ocasião do prêmio
Iludente: O que pode nos falar do que está fazendo agora?
Sandro: Estou animando no projeto da Dreamworks "Me and My Shadow", um longa que combina animação feita a mão e CGI.  E sobre um rapaz e sua sombra, que tem personalidades diferentes. Os personagens são animados por computador, mas suas sombras são animadas a mão.

Iludente: Planos de projetos futuros?
Sandro: Sim, estou desenvolvendo o projeto de um longa que se passa no Amazonas. Vou tentar ir atrás de financiamento e gostaria de faze-lo no Brasil. Também estou tentando terminar um curta metragem pessoal.


Exposição de trabalhos de Sandro

na Academia NEMO.
Bom, quem quiser conhecer mais do trabalho desse artista genial, tem aqui o endereço do seu blog: Inspector Cleuzo.

Tenho certeza que a cidade de São Paulo ganhou muito ao produzir esse pequeno curta do NUPA, em homenagem ao maior de seus rios. Quem conhece e ama de verdade esta cidade vai concordar comigo. É preciso escrever "ama de verdade" porque Amor é uma palavra fácil de ser usada hipocritamente. 

Canta, Ty-Etê!, um pequenino curta animado por esse artista desta cidade que precisou deixá-la, para que seu talento pudesse fluir. Mas como dizem: - É o Brasil... 

- É o Brasil; foi isso que ouvi outro dia a respeito do melancólico fim do NUPA
Encontrei o Ari Nicolosi (Zica e os Camaleões) na platéia de Reality, longa genialésimo dirigido por Matteo Garrone. Comentei com ele: - Como é que pode um programa como o NUPA, que estava abrindo espaço e acesso de verdade na periferia da cidade, realizando filmes significativos, alavancando a indústria de animação brasileira, criando oportunidades profissionais reais para jovens, fazendo os melhores artistas da cidade interagirem e deixarem sua marca no acervo material e imaterial brasileiro, lançando novos talentos, discutindo de forma aberta e democrática temas relevantes, sendo socialmente justo e antenado pacificamente nas necessidades do seu tempo, acabar assim? 
Pois é. A resposta do Ari disse tudo: - É o Brasil...


É a Itália:
O Nemoland 2013
e os artistas homenageados,
na imprensa da Itália.


É os Estados Unidos: 
Cartaz do longa
em produção nos Estados Unidos,
com equipe da qual faz parte
o artista Sandro Cleuzo.


quinta-feira, 9 de maio de 2013

Buddha na Floresta dos Cervos


ELE diminuiu os passos até parar, enquanto pensava no que diria a ELA. Voltou e a abraçou pelas costas. ELA escovava os dentes enquanto olhava ELE, de olhos fechados, refletido no espelho, dizer:
- Se existir um lugar que seja realmente o Paraíso. E se eu merecer estar um dia nesse lugar. Esse lugar só será mesmo o Paraíso se lá eu encontrar você.

ELE realmente disse isso porque acreditava completamente no que havia dito.
ELA sorriu com a boca cheia de pasta de dente e espuma e pensou que isso realmente era uma DECLARAÇÃO DE AMOR.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O Homem da Lanterna Mágica



Frame de trecho da participação de Roberto Miller em Planeta Terra








É impossível contar corretamente a história da animação brasileira sem falar do cineasta Roberto Miller.

Miller nasceu em 1923, na cidade de São Paulo, filho de um português correspondente da Reuters no Brasil. Seu nome de registro era Ignácio Maia, mas fez sua carreira chamando-se Roberto - Miller, vindo de seu ídolo da juventude, o músico Glenn Miller


Influenciado pelo escocês radicado no Canadá, Norman McLaren, de quem torna-se discípulo e amigo, marca seu estilo com animações abstratas, desenhadas com pincel e lupa diretamente em película de filme de gelatina removida. 

Sua pesquisa realiza-se principalmente nos aspectos sonoros, rítmicos, de sincronismo e forma, seguindo a tradição dessa técnica criada originalmente pelo neozelandês Len Lye e inspirada pelo movimento alemão do Cinema Absoluto. Esse movimento de animação abstrata (ou não-objetiva) aconteceu na década de 20, representado por artistas como Oskar Fischinger, Hans Richter, Viking Eggeling e Walter Ruttmann. Este último definiria o estilo como "pintura no tempo". 

O impulso fundamental para a carreira de Miller é um estágio de seis meses no National Film Board do Canadá, com McLaren, na década de 50. De volta ao Brasil integra-se ao recém fundado Centro Experimental de Cinema de Animação de Ribeirão Preto, fundado por Rubens Lucchetti e Bassano Vaccarini. Ali realiza Sound SyntheticTill Ton Special, Rock and RollSinfonia ModernaSound Abstract.

A consagração vem com Rumba (1957): medalha de prata no festival de Lisboa.

Entre outros filmes, destacam-se a partir daí: Sound Abstract (medalha de prata no festival Bruxelas/1957, prêmio Saci de São Paulo/1958 e menção honrosa no festival de Cannes/1958), Boogie Woogie (menção honrosa no festival de Cannes/1959), O Átomo Brincalhão (1967), Balanço (1968), Carnaval 2001 (1971), Can-can (1978), Ballet Kalley (1981) e Biscuit (1992).

Miller também fará carreira na criação de títulos de abertura de filmes
Planeta Terra
brasileiros, o que se chama hoje de motion film design. Mas marcou mesmo a minha infância e formação como artista de animação com o programa de tv, produzido pela então mais séria TV Cultura de São Paulo, Lanterna Mágica.


O programa, semanal, era o espaço alternativo para se conhecer a animação canadense, européia, asiática e mesmo a produção da UPA. Ali conheci Co Hoedman, Jiri Trnka, Lotte Reiniger, Escola de Zagreb, John Hallas, McLaren, etc. Fiquei sabendo do brasileiro Yppê Nakashima e por isso fui ao cinema, garoto, vibrar com Piconzé. Durante um período também, próximo ao horário do Lanterna Mágica, era exibida a série clássica de Tezuka: Kimba, o Leão Branco. Ou seja, Roberto Miller abriu as portas das infinitas possibilidades da animação para toda uma geração que não fosse isso estaria limitada a uma reduzida visão conformista. Muchas gracias, Mestre!

Em 1985, dividi com Marcos Magalhães a coordenação da produção do filme coletivo brasileiro Planeta Terra. Marcos ficou com os artistas do Brasil todo, menos São Paulo, que ficaram sob minha responsabilidade. 18 dos 30 artistas eram paulistas. E entre eles, Roberto.
Foi uma delícia poder conhecê-lo e dividir com ele a tela de um filme tão

singular. Para quem quiser conhecer esse filme, colocamos ele no Canal NUPA. Clique na imagem ao lado e aproveite. Ainda quero dedicar um post especificamente pra esse filme, cheio de histórias. Mas é bom lembrar que, além de já ter seus quase 30 anos de idade, foi feito antes da tecnologia digital. Como eu costumo dizer, animação de apaixonado, feita na unha. Não havia glamour em fazer desenho animado. Era coisa de gente fora do eixo mesmo.

Em 1988 fui diretor e organizador do Segundo Encontro Nacional de Profissionais de Animação. Propus e todos aceitaram que criássemos um troféu da própria classe, para homenagear os profissionais que mais tivessem contribuído para a animação brasileira. O nome escolhido para o prêmio foi Lanterna Mágica. E o ganhador, claro, Roberto Miller.



Planeta Terra
Miller morreu dia 16 de Março passado, aos 89 anos. Deixando viúva, dois filhos e duas netas. Um grande artista pra ser lembrado e homenageado sempre.


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Dia D Da Vinci Desenhista


Hoje é Dia do Desenhista. Porque o DaVinci teria nascido nesta data. 
Da Vinci, vinha Leonardo, o sujeito que há 600 anos desenvolveu a geometria da terceira dimensão no plano bidimensional, pra hoje chamarem desenho a lápis tridimensional no papel de "2d". 
Entendeu?

Desenhista é aquela pessoa condenada a ser testemunha, sem interferir nos fatos. Veja por exemplo o melhor filme com um desenhista no papel principal, The Draughtsman´s Contract (O Contrato do Desenhista), do Peter Greenway.
Alan Parker não pensa como eu. Pra ele esse filme é: - Uma carrada de presunção desprezível.

O quê? Testemunha que não interfere nos fatos é o Antropólogo? Ah, ah, ah! Quem diz isso não conhece de perto nenhum antropólogo.

Como se vê, este é um mundo cheio de gente que pensa diferente. Lide com isso.

Então, quase esquecendo que supõe-se que eu seja um desenhista, aqui vai um pedaço de um desenho que estou fazendo hoje. Do quarto episódio de Zú Kinkajú, Os Espectros no Vale-da-Lua.




E como nos instantes livres estou aproveitando pra reler Corto Maltese, aqui vai, nesta efeméride das linhas, uma aquarela do Hugo Pratt.
Água entrou no circuito (ou entramos na correnteza das águas), porque um dia perguntaram para o Pratt, ele, sendo um sujeito que tinha morado em tantos lugares diferentes do mundo, por que se considerava um Veneziano. Ele respondeu:


- Porque tenho confiança na água.*





Se é assim, acho que também sou Veneziano. 



*Thierry Thomas, a respeito de Hugo Pratt, em Le roi des eaux

O Anjo da História diz:

OUT OF MODEL: got to get you into my life

ou: Out of Renaissance via Refusés Model - A homenagem mais homenageada da história da arte? - A referência mais referida da histór...

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