sexta-feira, 29 de abril de 2011

Mr. Che



Oscar Grillo está com exposição em Buenos Aires. 
Pra quando uma exposição dele aqui em São Paulo?




Ele é argentino, mas há décadas morando na Inglaterra. E se descreve como um pária, que não pertence mais a nenhum lugar, estrangeiro tanto em Londres como em Buenos Aires.


Desenvolveu um estilo gráfico muito peculiar, que acho que os brasileiros, principalmente os paulistanos, que também vivem nessa zona do mundo em que as fronteiras se dissolvem, precisam conhecer.





Clique pra ver melhor
da esq>dir, alto>baixo:
Saul Steinberg, George Herriman,
Chuck Jones, Carlos Nine,
Hugo Pratt, Pablo Picasso,
Pierre Bonnard, Dante Quintero.




Entre Saul Steinberg e George Herriman, Chuck Jones e Carlos Nine, Hugo Pratt e Pablo Picasso, Pierre Bonnard e Dante Quinterno, Grillo está mais para um músico de jazz do que para um artista gráfico. 




Improvisa os mesmos temas, ad infinitum, contorcendo os diferentes estilos até que não sobre nenhum, talvez nem mesmo o dele. Fazendo o fusion de todas as tendências em imagens nocaute dodecafônicas que ignoram fronteiras. 




E, principalmente, ignoram as convenientes cercas entre o que é Arte Séria e arte menor. Pra quem não sabe, arte menor é o termo com que críticos de arte antediluvianos se referem a quadrinhos, cartum, ilustração e desenho animado.












Convivi um pouco com Oscar. No balançante metrô inglês, ele sacava suas canetas e um caderno de desenhos, e me explicava sua teoria sobre como desenhar em movimento, pendulando o braço como uma steadicam. Claro que eu tentava fazer o mesmo e não dava certo. 















Diariamente Grillo envia desenhos para seus amigos no mundo todo. Pra minha sorte estou entre os que recebem essas inquietações diárias e algumas delas estão espalhadas neste post.




Mas pra vasculhar mais o trabalho deste Milongueiro Punk, tem centenas de outros desenhos neste link, blog do próprio Mr. Che: G R I L L O M A T I O N







quarta-feira, 13 de abril de 2011

Mulheres animadas!


FAZEN’DESENHANIMADO no NUPA-
Núcleo Paulistano de Animação no CCJ  RUTH CARDOSO
Convidados conversam com o público, apresentam filmes, respondem perguntas, falam de suas idéias e experiências.
 
Sábado, Dia 30 de Abril

FAZEN’DESENHANIMADO COM CHARME!
com
SITA SINGS THE BLUES
e
SILVIA PRADO
Entrada FRANCA

Venha conhecer as mulheres de animação, em ação!

15h00: SITA SINGS THE BLUES é um longa metragem de 2008, criado, dirigido, animado e produzido inteiramente pela artista americana Nina Paley. Tornou-se instantaneamente uma referência clássica de humor, inovação e empenho.

16h30: Silvia Prado é diretora executiva da CINEMA ANIMADORES. Graduada em Cinema pela FAAP e pós-graduada em  Film & Television Business pela GV, tornou realidade a criação de muitos artistas. Os premiados SAPO XULÉ e ZICA E OS CAMALEÕES estão entre suas diversas produções. Compareça!

N U P A
Núcleo Paulistano de Animação no CCJ RUTH CARDOSO
Curadoria: Céu D’Ellia

Querida Mary: Desista.
Pra começo de post, deixar claro uma coisa: Legal mesmo vai ser quando não fizer o menor sentido dar destaque para artistas de animação, por serem mulheres. Mas como nos bastidores do mundo animado, da mesma forma que em muitos outros ambientes profissionais, já reinou (e reina...) um certo machismo. E como ainda percebem-se muito mais homens do que mulheres em atividade, então mulheres animadoras ainda chamam a atenção.
Dá um clique em cima da cartinha ao lado, por exemplo. Pra quem não entende inglês, vou resumir: É uma carta da Walt Disney Productions para uma certa Srta. Mary Ford, do Arkansas. Datada de 1938, explica para Mary que ela não será aceita na escola de treinamento para artistas Disney, por ser do sexo feminino. Detalha que mulheres não fazem nenhum trabalho criativo no estúdio, função reservada a "homens jovens". A única coisa que Mary poderia fazer no estúdio seria trabalhar no departamento que passava os desenhos a limpo em acetatos e os pintava segundo as cores pré-definidas. Ou seja, trabalho de repetição, pouco criativo. Bom, isso foi em 1938 e a mentalidade da época era essa. A própria Disney, umas duas décadas depois, valorizaria outra Mary, a genial designer e estilista Mary Blair. 
Sita Sings the Blues
Então estou dando destaque às mulheres no Fazen'desenhanimado de Abril, mas elas se destacam é por seu trabalho, não por seu gênero. Veja o caso de Nina Paley e seu longa metragem Sita Sings the Blues. Não só criou e dirigiu o filme todo, sozinha, mas animou a maioria das cenas. E isso não é o mais importante. O que interessa é que ela fez um filme completamente inovador, para adultos, com orçamento baixíssimo, discutindo o papel da mulher no mundo, fazendo uma espécie de auto-biografia e recontando, com blues, um épico indiano milenar, o Ramayana. Mas vem no CCJ que vamos estudar mais da razão desse filme ser relevante.
Zica, Sapo Xulé e Super Nanny
E nossa convidada é a Silvia Prado. Ela não é animadora. É produtora e diretora da empresa Cinema Animadores. Graças à sua capacidade empresarial, trabalho e visão criativa, artistas como Ari Nicolosi (Zica e os Camaleões) e Paulo José (Sapo Xulé) conseguiram espaço para suas criações acontecerem. Animação é trabalho coletivo e o papel do produtor é enxergar TODAS as partes. Não só as partes envolvidas na criação e execução de um trabalho, mas também o relacionamento desse trabalho com as fontes financiadoras, a distribuição e o público. Venham conversar com a Silvia pra saber mais.
A entusiasmante Patricia Alves Dias,
 mostrando um zoetrópio para as crianças
de Joá, interior da Bahia.
E mês passado teve quem chorou na platéia, que eu vi. De fato, os filmes que o Avelar exibiu são tocantes. Mas aproveitando o embalo Mother Mary, deixa eu apresentar pra vocês a Patricia Alves Dias. Ela foi a produtora que participou da idealização e execução dos filmes das séries Cantigas de Roda e Juro Que Vi, que emocionaram a platéia do CCJ. Ela tem essa preocupação em saber que os filmes conversem com as crianças. E que as crianças conversem com os filmes! Os roteiros dos Juro Que Vi, por exemplo, foram produzidos com a participação das crianças. Então boa parte do sucesso desse trabalho, além do mérito dos animadores dirigidos pelo Humberto, também é da Patrícia. Dai a Mary o que é de Mary.
E finalmente, aproveitando pra agradecer mais duas mulheres... e um homem jovem! Próxima sessão do Fazendesenhanimado terá qualidade melhor de exibição, graças à sempre esforçada equipe do CCJ: Gláucia Maria, Dolores Biruel (Biblioteca Jayme Cortez) e Julião. Muchas gracias! Sem vocês, não roda!



NUPA/ C C J
Av. Deputado Emílio Carlos, 3641 – Vila Nova Cachoeirinha
(11) 3984 2466
(ao lado do terminal de ônibus Cachoeirinha)

sábado, 2 de abril de 2011

1927, downtown Los Angeles



Foto interessante, cheia de desdobramentos.



É o Disney Brothers Cartoon Studio, no centro de Los Angeles, em 1927. Um ano antes do lançamento do primeiro desenho animado sonoro, com um tal Mickey Mouse. 
A menina é Lois Hardwick, a quarta e última atriz infantil a interpretar o papel de Alice em uma série de filmes mudos que misturavam a menina real com desenhos animados. A série chamava-se Alice Comedies e originou-se de um primeiro curta, Alice's Wonderland. Remotamente inspirado nos livros de Lewis Carroll.
Mas o interessante é como a história da animação dos EUA está resumida aqui.




Aqui estão os dois irmãos DisneyWalter Elias e Roy Oliver. Walt era o mais dominante, o artista. Mas o que seria dele sem Roy para olhar pelos negócios? Eu, que não tenho um Roy como irmão, longe disso, sei a resposta.
Auxiliando a segurar a pequena Lois está o braço direito - literalmente - de Disney, Ub Iwerks. Era Ub quem fazia as animações principais e foi ele o artista que deu a primeira forma e animação a Mickey. A voz era de Walt.
Disney também pariu, em 1937, o longa metragem em animação Snow White and the Seven Dwarfs. Não é o primeiro longa metragem em animação do mundo, mas é o primeiro na América e, mais importante, o primeiro que fez girar uma roda que produziu uma série de outros, até hoje.

Iwerks conhecia os Disney desde 1918, quando todos viviam e trabalhavam em Kansas City, Missouri. Juntou-se aos irmãos em 1922, no primeiro estúdio, que faliu. E foi com eles em 1923 para o novo estúdio, na California. Mas Iwerks trabalhava, animava os melhores filmes da companhia e Disney levava o crédito sozinho.
Em 1930 Ub criou seu prórpio estúdio. Não teve muito sucesso. Em 1937 colaborou com Leon Schlesinger para algumas Looney Tunes da Warner Bros. Em 1940 voltou para a Disney. Mas para dedicar-se a efeitos visuais, esse lado menos engraçado do cinema de animação. Criou muita tecnologia essencial para o cinema e entre outras ganhou um Oscar, em 1963, pelos efeitos visuais de Os Pássaros, do diretor Alfred Hitchcock.

Também de Kansas City para trabalhar no recém criado Disney Brothers Cartoon Studio, vieram esses dois amigos, Rudolph Ising e Hugh HarmanNo ano seguinte a esta foto os dois produziram com os próprios recursos o desenho sonoro Bosko, the Talk-Ink Kid, com uma notável, prá época, sincronização de voz e movimento dos lábios. O tal lip-sinc. 
O filme impressionou o produtor Leon Schlesinger, que colocou-se como agente junto à Warner Brothers. E assim nasceram as Looney Tunes e as Merrie Melodies. Mas os dois desentenderam-se com Leon em 1933 e em 1934 começaram a produzir para a MGM -Metro-Goldwyn-Mayer-, dando início ao que viria a ser o futuro estúdio controlado por Fred Quimby e que, em 1940, com criação de William Hanna e Joe Barbera, traria o primeiro filme de Tom e Jerry.

Alguém precisa me dizer o que tinha na água de Kansas City no final do século XIX. Outro sujeito que também veio de lá para engrossar as fileiras do então modesto estúdio Disney foi Isadore "Friz" Freleng
Freleng seguiu Harman e Ising para a Warner, mas quando os dois saltaram para a MGM, ele titubeou, mas acabou ficando com as Looney Tunes até o fechamento da unidade de animação da WB em 1963. Junto com outros diretores trouxe à luz Bugs Bunny, Porky Pig, Sylvester the cat, Tweety Bird, Yosemite Sam e Speedy Gonzales (Pernalonga, Gaguinho, Frajola, Piu-piu, Eufrasino Puxabriga e Ligeirinho, se é que estão me entendendo). E não é só, em 1964, já em seu próprio estúdio, DePatie-Freleng, criou Pink Panther (Pantera Cor-de-rosa), um dos raríssimos personagens de animação da década de 60 que vingaram.

E finalmente nós temos Walker Harman, irmão mais novo de Hugh Harman, de quem sei quase nada, mas que tem o chapéu mais bacana da foto, mais chinfroso e viril do que aquele que Papai Walt Disney está usando.
Muito bem, Walker!

E se você quiser um dos melhores endereços para saber sobre desenho animado americano, aqui vai o site de um biógrafo, estudioso e crítico fundamental, Michael Barrier:
http://www.michaelbarrier.com/index.html















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